"É gorgonzola. Esse queijo tem esse nome por causa do nome da cidade onde ele foi inventado. Na Itália. Ali, bem pertinho dos Estados Unidos. Esse queijo é um dos queijos mais antigos da história. Tem mil e tantos anos que se inventou esse troço. Foi iluminado; uma fêmea que olhou praquele negócio assim com tudo verde, com uns filete de ranho aparecendo, comeu e falou: ‘Ê queijo bom! Queijo bom, rapaz. ’.
Ó, foi assim. Vou explicar: Um vaqueiro tava voltando pra casa, depois de ficar um dia inteirinho em cima do cavalo, tangendo gado - essas merda – claro; porque o sujeito tinha que levar pão e leite pra casa porque a patroa daquela época já exigia que o cidadão trouxesse comida no final do expediente. Então, veja só: Tava ele lá, pocotó pocotó pocotó pocotó, com uma sacola de couro cheia de leite nas costa pendurada, né, e aí chega em casa. Quando ele chega em casa ele salta do cavalo, pendura a sacola na varanda e vai guardar o cavalo. Só que nessa, ele chega, entra em casa, abre a porta, fecha a porta e não sei o que, e esquece a porra do saco pra fora. Imagine só: Vira a noite, o leite coalha lá, penduradinho.
No dia seguinte, a mulher, vê aquele negócio pendurado ali, fica arretada, e pensa assim: ‘Essa porra vai ficar aí. Até ele tirar. Onde já se viu, homem passa e homem deixa, ai, ai.’. Aí passa o outro dia, cidadão volta no final do expediente e vê que a mulher não tinha tirado porra nenhuma, fica arretado também, vê aquela porra e diz: ‘Que se foda.’, né?
Passa mais um dia, solão em cima, imagine só que bosta que não ficou aquela disgrama, né? Porque veja bem, a mulher, a mulher naquela época era um pouquinho menos teimosa do que hoje em dia. Vendo que o cidadão não ia arredar um dedo pra tirar aquela porra de lá, foi jogar no lixo, que em mil anos atrás era em qualquer lugar, menos pendurado na varanda. Aí vai ela lá, enterrar aquele negócio, né, só que mulher; mulher é curiosa pra ‘caraio’. Ela olha aquele negócio ali e vê o que? Vê que o leite tinha virado queijo."
(a lenda do queijo gorgonzola, texto tirado do filme brasileiro “Estômago”, de 2008)
Fonte: http://olhardacritica.wordpress.com/2010/05/21/filme-estomago/#more-27
“Estômago”, filme de estréia do cineasta curitibano Marcos Jorge, trada da vida de um nordestino que possui um talento culinário indiscutível através de um roteiro interessante que mostra dois momentos totalmente diferentes na vida do protagonista. Além da ótima direção, os diálogos são bem humorados e beneficiados pela forte veia comediante do ator João Miguel.
O filme conta a história de Raimundo, um jovem nordestino, representado por João Miguel, que vem tentar a vida na cidade grande e moderna, mas acaba na cozinha de um bar, onde revela seu talento para gastronomia. Seu envolvimento com Iria, personagem representado pela estreante Fabíola Nascimento, tempera o filme. Iria tem um forte sotaque e um jeito paranaense de falar que contrasta com o sotaque de Raimundo, o que da uma particularidade especial aos diálogos.
Outro destaque do filme está na atuação de Babu Santana, no personagem de Bijiú, com quem Raimundo convive durante o período em que passa na cadeia. A cadeia é a outra ambientação de um filme, que retrata particularmente temas como preconceito, opressão do forte sobre o mais fraco e a luta de pessoas comuns pela sobrevivência nas grandes cidades.
O filme cativa pela especialmente pela situação de seu personagem, Raimundo que faz com que os espectadores esperem e torçam pelo seu sucesso. Trata-se de uma excelente receita que leva bom roteiro, boa trilha sonora e personagens carismáticos.
A opinião do fofoca de homem: Estômago é daqueles filmes que te prendem e valem a pena ser vistos. Pra quem ainda não dá fé no cimena nacional, esse filme é mais uma boa pedida. A gente não sabe como é que o Caio, professor aqui do Moura, ainda não passou esse filme pra ninguém! É realmente muito bom. Muito bom mesmo. Fora as verdades do trecho que ele fala da gorgonzola e de tantos outros trechos, né?
